sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Ambulantes que dependem das festas de verão têm futuro incerto com segunda onda

Os trabalhadores ambulantes que geralmente aproveitam as festas de verão, como os festejos populares e o Ano Novo, temem pelo futuro com o possível surgimento de uma segunda onda da Covid-19 e novas restrições a atividades econômicas na cidade.

O ambulante Jorge de Sousa conta que, antes da pandemia, sua principal fonte de renda vinha justamente das festas que aconteciam em Salvador. “A pandemia tem sido um período muito difícil, amarguei muito prejuízo. Com a falta e o cancelamento dos eventos que já estavam previstos, perdi os produtos que eu trabalhava”, explica.

Quando estava voltando a se programar para trabalhar na virada do ano na orla da Barra, veio o anúncio da interdição pela prefeitura. “Tava até pensando em me programar e vender alguma coisa, mas agora não dá. No ano novo não vou fazer nada, eu vivo de eventos, não tem evento, não tem o que comemorar”, desabafa.

Com o aumento do número de casos de Covid-19 em Salvador, a prefeitura decidiu cancelar o show da virada, que aconteceria no Forte de São Marcelo e seria transmitido pela internet e televisão. Além disso, a gestão municipal decidiu proibir a circulação de pessoas na Barra durante o Réveillon, um dos pontos mais procurados para a virada do ano.

Para Mario Lopes, presidente da Associacao Integrada de Vendedores Ambulantes e Feirantes da Cidade de Salvador (Assidivam), entidade que congrega cerca de mil trabalhadores, a situação é muito negativa.

“Vamos encarar um fim do ano de muita dificuldade, não vamos ter o ano novo da Barra, não vamos ter o Carnaval, então vamos ter dificuldade. A maioria já vende o almoço para comprar a janta, agora pode ser ainda pior”, conta. “Na minha opinião o prefeito, que tem olhado com bons olhos para a categoria, tem que amparar os trabalhadores”, expõe.

Barra vai ter orla interditada para evitar aglomerações | Foto: Valter Pontes | Secom
Barra vai ter orla interditada para evitar aglomerações | Foto: Valter Pontes | Secom

Atualmente, a prefeitura oferece o auxílio no valor de R$ 270 para os trabalhadores informais da cidade. O chamado “Salvador Por Todos” já beneficiou mais 37 mil pessoas na capital baiana e se encaminha em dezembro para sua nona e última parcela.

Um pleito defendido pela Assidivam é a prorrogação desse auxílio ou a criação de outra medida para amparar os trabalhadores. Questionada, a Prefeitura informou que as propostas de prorrogação do auxílio foram encaminhadas e apreciadas pela Câmara.

A gestão municipal não informou, entretanto, se alguma outra ação vai ser tomada para ajudar os ambulantes que podem passar dificuldades sem as festas de largo e ano novo.

Apesar das ações da Associação, com a distribuição de cestas básicas e orientação para os trabalhadores, Lopes admite que o único meio para amparar os trabalhadores é com o poder público.

“Sinceramente, a nossa entidade sobrevive de uma pequena taxa, um valor simbólico de R$ 10, e tudo a gente busca com a gestão pública. A gente precisa recorrer mais uma vez ao poder público, para que possa amparar essas pessoas novamente”, contou.

Apesar das dificuldades, Jorge não perde a esperança de que esse período vai passar e que 2021 vai trazer boas notícias. “Apesar de não comemorar esse ano, vou passar na certeza que ano que vem vai ser melhor”, finaliza.